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Avelino de Sousa
(N. 6 abril, 1880 - M. 18 agosto, 1946)“Avelino Ferreira de Sousa foi poeta e autor teatral, grande defensor do Fado, o que o levou a publicar, em 1912, o livro “O Fado e os Seus Censores”. Constituído por onze artigos seus coligidos do jornal A Voz do Operário, era uma resposta às polémicas acusações que o escritor Albino Forjaz de Sampaio e o Dr. Samuel Maia vinham fazendo ao género. Se a vasta obra fadística de Avelino de Sousa foi valiosa, não é menos importante o que dedicou ao Teatro.
Publicou dez livros em que aborda os temas do Fado e do Teatro. Escreveu, ainda, quatro romances e mais de meia centena de peças, entre as quais se destacam as operetas “Bairro Alto”, levada à cena no Teatro São Luiz, no dia 21 de Abril de 1927, e “História do Fado”, esta em colaboração com Álvaro Santos, estreada no Teatro Maria Vitória, no dia 12 de Maio de 1931, na qual intervieram os fadistas Alberto Costa, Maria Alice e Filipe Pinto, entre outros.
Talvez o mais antigo autor a quem se deve um verdadeiro êxito discográfico e radiofónico seja Avelino de Sousa. A sua “Perseguição”, na voz de Maria Alice, conquistou o país inteiro e o Brasil, onde Amália, nas suas primeiras gravações, foi praticamente obrigada a incluir a peça. Mas a diva não engraçava com o tema, especialmente a última sextilha. Consta, com alguma verosimilhança ainda não comprovada, que terá sido Pedro Teotónio Pereira, ao tempo Embaixador do Brasil, quem convenceu Amália a gravar, propondo uma sextilha que compôs para substituir a execrada pela artista. Assim ficou gravada a peça.
O estilo de Avelino, conquanto ágil, enferma do recurso a palavras eruditas com que se pretendia dignificar o Fado e demonstrar conhecimentos de Português, em atropelo da simplicidade que deve presidir.
Foi colaborador de diversas publicações periódicas, muito especialmente da “Guitarra de Portugal”. Avelino de Sousa, que começara por ter a profissão de compositor tipográfico o jornal “A Voz do Operário”, era, à data da sua morte, primeiro conservador da Torre do Tombo.”
Fonte:
GOUVEIA, Daniel e MENDES, Francisco, (2014) “Poetas Populares do Fado Tradicional”, 1ª ed., INCM, pp. 15-16