20 março, 2012

Paulo Lajes apresenta

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POESIA

Paulo Lajes apresenta "Ler Amália" no Museu do Fado

por Lusa 20 Março 2012

 

Amália Rodrigues "é ela própria toda uma literatura", afirmou o ator e encenador Paulo Lajes que quarta-feira apresenta, no Museu do Fado, em Lisboa, o "workshop" intitulado "Ler Amália".

A sessão insere-se no Dia Mundial da Poesia, que se comemora nesta quarta-feira, e para o ator da companhia Cão Solteiro, "a escolha é evidente pelo papel que Amália desempenhou ao levar a nossa literatura ao mundo e ao ser ela própria uma poeta".

De todos os poetas que cantou, dos medievais como D. Dinis ou João Garcia de Guilhade, aos contemporâneos, como David Mourão-Ferreira e Pedro Homem de Mello, aquele que mais cantou foi ela própria.

Amália assina a letra de "Corria atrás das cantigas", que gravou no Rio de Janeiro, assim como de "Lavava, no rio lavava" e "Ai esta pena de mim", entre outras, dos álbuns da segunda década de 1970, passando por "Estranha forma de vida", na década de 1960.

Paulo Lajes afirmou à Lusa que orientará a sessão "num espírito de permuta com o público" e no sentido de analisar "a Amália poetisa, autora de poemas de uma enorme profundidade como 'Estranha forma de vida' e a fadista que escolheu e trouxe os poetas eruditos ao fado".

Como poetisa, Amália "revela grande qualidade, partindo de fórmulas populares que usa com grande mestria e inventiva". "" poesia de Amália aplica-se aquela citação de Vasco Graça Moura, que refere ser 'a lusitana arte de engenho e agudeza'", disse Lajes.

Por outro lado, "Amália tinha uma enorme admiração pelos poetas e, ao mesmo tempo, um certo pudor, e daí tão tardiamente ser ter assumido como autora".

Quando gravou na década de 1940 "Corria atrás das cantigas", no fado Mouraria, Amália não divulgou o autor e, à volta de "Estranha forma de vida", gravado sobre o Fado Bailado, surgiram várias peripécias, incluindo pedir ao cunhado, o ator Varela Silva, que assumisse a paternidade do poema.

O "workshop" realiza-se às 14:30 e será "uma visita guiada pela poesia e a voz de Amália", disse Paulo Lajes que se afirmou "mais um apaixonado pela arte de Amália que um entendido em Amália".

O ator tem apresentado este "workshop" em várias bibliotecas, no âmbito de um programa da Direção Geral do Livro e das Bibliotecas, e voltará a realizá-lo no Museu do Fado, em Alfama, nos dias 28 de março, , 04 de abril, e nos dias 02, 16 e 30 de maio.