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Francisco José

(N. 16 agosto, 1924 - M. 31 julho, 1988)

"Francisco José Galopim de Carvalho foi um dos mais destacados cantores do universo da canção ligeira entre as décadas de 50 e 70. Desenvolveu uma parte da sua carreira artística no Brasil, onde se tornou uma referência da música portuguesa.

Começou a cantar em público em festas do liceu de Évora e participou em peças de teatro de revista nessa cidade. Fixou-se em Lisboa para estudar Engenharia Civil, curso que não concluiu, dedicando-se à actividade musical e frequentando o Centro de Preparação de Artistas da Rádio da Emissora Nacional (1948). A frequência do Centro permitiu-lhe adquirir visibilidade nos media, transformando-se, em pouco tempo, num cantor de sucesso, em particular junto do público feminino.

Em 1951, deslocou-se a Espanha para gravar o seu primeiro fonograma, que incluía a canção “Olhos Castanhos” (letra e música de Alves Coelho “filho”, o compositor mais influente nesta fase da sua carreira), que se tornou no seu maior sucesso.

Em 1952, realizou novas gravações fonográficas em Espanha e participou na revista “Ó papão vai-te embora” (Com Hermínia Silva, Dez.1951 – Mar.1952). Em 1954, fixou-se no Brasil, onde desenvolveu o seu perfil profissional. Actuou para as comunidades portuguesas e em várias emissoras de rádio e televisão: Tupy, TV Rio e Continental, onde protagonizou o programa “Figura de Francisco José”, em 1960, o que contribuiu para o seu reconhecimento pelo público.

Esta visibilidade foi reforçada pela edição de “A Figura de Francisco José”. Em 1960, regravou a canção “Olhos Castanhos”, o fonograma mais vendido o país durante o ano de 1961. O seu sucesso mediático tornou-o no mais reconhecido intérprete português o Brasil. A partir de então, começou a editar regularmente fonogramas, tendo apenas uma pequena parte sido distribuída em Portugal.

Enquanto mantinha a sua carreira artística, geriu, em parceria com um irmão, o restaurante “Adega de Évora” (Rio de Janeiro). Nesse país também contribuiu para o início da carreira de Dino Meira, contratando-o enquanto acompanhador (viola).

Em 1964, durante uma visita a Portugal, acusou a RTP, num programa em directo, de favorecer os artistas estrangeiros em detrimento dos portugueses. Em consequência dessa acusação teve vários problemas com as autoridades (tendo sido sujeito a interrogatório e processado judicialmente por injúria e difamação), que resultaram na proibição de actuar na RTP (durante 16 anos), condicionando as suas actuações em Portugal e atraindo a atenção da PIDE nas suas deslocações ao país.

Na década de 70 começou a gravar versões em português de canções italianas celebrizadas pelo Festival de Sanremo (“Guitarra toca baixinho”/“Chitarra suona più piano” e “Eu e tu”/“Un grande amore”), editados pela Phonogram, cujo sucesso contribuiu para o relançamento da sua carreira em Portugal e para o seu regresso definitivo ao país após o 25 de Abril de 1974.

Manteve as suas actuações durante algum tempo e gravou o seu último fonograma em 1983. Todavia, favoreceu outras actividades, tendo concluído o curso de Matemática e leccionado na Universidade da Terceira Idade (Lisboa).

Alguns dos maiores sucessos da sua carreira foram “Olhos Castanhos”, “Maria Morena”, “Encontro às dez” (do repertório de Rui Mascarenhas), “Estrela da minha vida” e “Eu e tu”. A principal marca do seu estilo interpretativo consiste no vibrato intenso na emissão das vogais e clareza da enunciação do texto.

Discografia: (1989) “Álbum de recordações”, Poly, AAVV; (1993) “As melhores baladas da música portuguesa”: vol. 2, Phi-poly; (1993) “O Mundo romântico de Francisco José”, Poly"

 

Fonte:

CASTELO-BRANCO, Salwa (dir), (2010) “Enciclopédia da Música em Portugal no século XX”, 1ª ed., Temas e Debates – Círculo de Leitores, (vol.C-L), pp. 662-663