Cristiana Águas



O Museu do Fado acolhe a apresentação do primeiro álbum de Cristiana Águas no dia 1 de Outubro, Dia Mundial da Música, às 19h00.

Em palco estarão Cristiana Águas, Nilson Dourado, António Andrade Santos e Carlos Menezes.


O álbum de estreia de Cristiana Águas parece responder a uma pergunta que não nos cansamos de colocar: o que é, afinal, o fado?
Uma fórmula rígida? Um sentir? Uma história? Uma guitarra a lamentar-se da vida numa esquina de Lisboa? Ou uma melodia soprada pelo vento até aos morros do Rio de Janeiro? E se for tudo isto? Essa é a proposta da estreia de Cristiana Águas, álbum produzido por Pierre Aderne que conta com a colaboração de músicos dos dois lados do Atlântico. Uma coisa é certa: aqui, neste enorme disco de apresentação formal de uma voz que há muito se conhece, tudo começa no fado. Em «À porta da Brasileira» Cristiana começa por cantar «encontrei-te por acaso». E foi assim mesmo, por acaso – outra maneira de dizer destino –, que Pierre Aderne encontrou Cristiana Águas, no Clube de Fado de Mário Pacheco. Apresentou-os Cuca Roseta, amiga comum. «Chamou-me a atenção a voz grave e bela daquela jovem», recorda Pierre Aderne. E como não? Cristiana canta esse fio da história que se pressente nas ruelas de Alfama desde os seus 11 anos.

O fado é para ela uma língua mãe, um sopro natural que existe sem se questionar. Pierre Aderne ofereceu-se para produzir o álbum de estreia de Cristiana Águas e adivinhou-lhe «uma similitude» com Gal Costa. Não nos timbres, que são distintos, «mas pela entrega às melodias e aos poemas», escreveu o artista brasileiro que tanto Portugal tem dentro de si. Essa entrega certamente pesou na hora de escolher quem desse voz à Amália Rodrigues do grande ecrã e Cristiana emprestou-se à alma da grande diva quando o cinema a homenageou. E é essa entrega que lhe permite na sua estreia viajar pelo fado e por canções de outras latitudes, casando-se tão bem com a guitarra portuguesa como com o piano, ombreando segura e mágica com parceiros de aventura como Pedro Moutinho, Cuca Roseta ou Ney Matogrosso sobre músicas assinadas por Philippe Baden Powell, Paulo Mendonça, Luiz Caracol, Dadi, Pedro Esteves, Pierre Aderne ou Mário Pacheco.

Com uma equipa estelar de músicos portugueses (Luís Guerreiro, Carlos Leitão, António Quintino, Henrique Leitão) e brasileiros (Jorge Hélder, Ricardo Silveira, Jurim Moreira, dadi, Um Carvalho, Nilson Dourado, Gustavo Roriz), com misturas e masterização assinada por Mário Barreiros, a estreia de Cristiana Águas é um momento singular na produção musical nacional de 2014. É a estreia, ambiciosa e destemida, de uma voz com percurso e história, mas que só agora ousa sair da casa de fados e espraiar-se pelo mundo das canções.

Com o fado na alma e o mundo na garganta, Cristiana Águas supera-se nesta estreia e impõe a sua voz segura e sabedora, grave e livre, solta e capaz de nos aprisionar sem apelo nem agravo. E faz tudo isso em 11 momentos de luz, côr e melodia que em breve sustentarão a sua vida nos palcos. E neste quadro só faltam mesmo os vossos aplausos. Que não vão tardar, logo que Cristiana Águas se faça ouvir.