“Amália: Saudades do Brasil”

Do Brasil para  o  mundo,  é  o  ponto  de partida  para  contar  a  história  da  ligação  de  Amália  Rodrigues  ao  Brasil:  das parcerias criativas, aos poetas da língua partilhada, passando pela amizade com Vinícius de Moraes que lhe ofereceu um “fado”: Saudades do Brasil em Portugal.

O projeto artístico “Amália: Saudades do Brasil” surge “num contexto de grande apetência pela cultura portuguesa e pelo fado”, e é comissariada por Frederico Santiago, Luís Neves e Sara Cavaco, sendo organizada pela Creative Industries Programmes em coprodução com o Museu do Fado e com o Museu Nacional da Dança e do Teatro, em Lisboa.


Esta exposição é, portanto, um regresso de Amália a um país que também foi o seu, a uma terra que também foi a sua. No  ano  seguinte  volta  para  uma  tournée de seis meses ao Brasil. Nessa altura, Frederico Valério, o compositor dos seus maiores êxitos de então, escreve no Rio de Janeiro, “Ai Mouraria”. Estreado no Teatro República, esse fado seria um dos maiores sucessos de sempre de Amália.

Amália  inaugurou  no  Brasil  o  seu  conceito de recital, que o mundo inteiro depois aplaudiria. Sobretudo a partir de 1956, com a sua estreia no Olympia de Paris, impulsionada pelo êxito de Barco Negro, uma música do brasileiro Caco Velho com poema do português David Mourão Ferreira. 

Amália sempre gostou de cantar música brasileira. É raro o recital em que não o faça. Dorival Caymmi foi um dos maiores amigos  que  encontrou  no  Brasil.  “Uma deusa que deveria sempre usar manto”, disse o compositor baiano de Amália. Oulman  foi  o  responsável  pela  mais profunda  transformação  na  carreira de Amália  e  na  história  do  Fado.  Esse compositor  luso-francês,  criou  a  música  onde  caberiam  alguns  dos  poetas maiores da língua portuguesa, entre os quais Cecília Meireles.

Amália ocupa um lugar cimeiro na música  Folk  do  século  XX.  Dona  de  uma vocalidade sem rival e de uma experiência  de  palco  avassaladora,  integra nos seus espetáculos, sempre em comunhão com o Fado, folclore português e de outros países.


“...o mar que existe entre nós dois para nos unir…”
Vinícius de Moraes


Amália chegou pela primeira vez ao Brasil em Setembro de 1944. Tinha 24 anos e estreara-se apenas cinco anos antes, numa casa de Fados, em Lisboa. O seu sucesso em Portugal foi imediato. Amália cantava nas melhores casas de fado, no teatro e na  rádio,  mas  não  tinha  gravado  ainda. Foi no Brasil que gravou o primeiro disco e iniciou uma das mais assombrosas carreiras discográficas do século XX.

A sua estreia em terras de Vera Cruz deu-se  no  Casino  de  Copacabana  no  show “Numa  Aldeia  Portuguesa”,  concebido para essa ocasião.
O sucesso foi tal que logo a convidaram para fazer recitais a solo no mesmo Casino,  o  que  era  inédito  na  sua  carreira. Nesta época, os fadistas apenas atuavam nas casas de fados.

No início dos anos 60, Amália decide viver no Brasil, casar e deixar de cantar. A falta de novo repertório e a solidão inerente  à  enorme  carreira  internacional que tinha, motivam-na a fazê-lo. Mas a música de Alain Oulman tudo mudaria...
Um  ano  depois  dessa  decisão,  regressa a Lisboa e inicia aquela que virá a ser a fase áurea da sua carreira.


“Abraçar Amália... É como abraçar Portugal”  
Caetano Veloso


Mais do que uma cantora, Amália é uma maneira de ser e um símbolo de portugalidade. A sua “Estranha Forma de Vida” trouxe ao mundo novidade. E o seu legado é imenso e continua vivo. Nos discos, nos poemas e na criação de novas gerações de artistas de todos os quadrantes que continua a inspirar.


Amália, Saudades do Brasil
Consulado-Geral de Portugal em São Paulo
De 6 a 27 de Agosto de 2016
Segunda a Sábado, das 10h00 às 18h00