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Manuel Fernandes
(N. 9 dezembro, 1921 - M. 20 maio, 1994)Manuel Fernandes nasceu em Lisboa, na freguesia de Santa Isabel do bairro de Campo de Ourique, no dia 9 de Dezembro de 1921.
Os seus primeiros estudos foram feitos na escola primária da freguesia onde nasceu, tendo depois ido viver, com os seus pais, para o bairro de Alcântara. Aí a família permaneceu apenas até aos seus 7 anos, voltando novamente a estabelecer a sua residência em Campo de Ourique.
Após concluir o exame do 2º grau com onze anos de idade, começou a trabalhar nas oficinas de São José onde esteve em regime de internato durante um ano, colégio que lhe ensinou o ofício de tipógrafo. Em seguida empregou-se na firma Pires & Comandita transitando, mais tarde, para a Papelaria Fernandes.
As tendências artísticas manifestaram-se logo aos cinco anos de idade, quando improvisava espectáculos "agarrado ao pau de uma vassoura", e prosseguiu cantando e assobiando, chegando a ser conhecido pelo "rei do assobio". Dava assim espectáculos entre a miudagem e também junto dos mais crescidos, o que lhe valia sempre muitos aplausos. (cf. “Álbum da Canção”, 1 de Outubro de 1964).
Em 1936, quando tinha apenas 15 anos, cantava já, como amador, pelas tabernas e pelas colectividades de recreio onde habitualmente se faziam apresentações de Fado aos fins-de-semana.
Sentindo-se tentado, pelos muitos elogios que recebia, a seguir uma carreira artística, procurou Filipe Pinto, no Retiro dos Marialvas. E foi nesse espaço que o empresário José Miguel, instigado pela cantadeira Maria Carmen, que achava que Manuel Fernandes tinha uma voz agradável e parecenças com Manuel dos Santos (um cantador em voga que partira para a América onde se radicara), o convidou para cantar na verbena de Santa Catarina.
Com apenas 17 anos, em 1938, e um cachet de 15 escudos por noite, Manuel Fernandes iniciou a sua carreira profissional de fadista. Ainda assim, manteve por algum tempo a sua profissão de tipógrafo até lhe ser completamente impossível conciliar o trabalho de tipógrafo com as interpretações nocturnas de Fado.
Posteriormente passou a cantar no Solar da Alegria e no Café Mondego, a convite do referido empresário José Miguel, tendo depois integrado os elencos do Luso e dos Marialvas, até se estabelecer por um longo período no restaurante típico Folclore.
Em Abril de 1941 Manuel Fernandes é o protagonista da capa do jornal “Canção do Sul”, facto bem demonstrativo do grau que já atingia a sua popularidade no universo do Fado, numa altura em que contava com apenas 19 anos.
Seis anos depois da sua estreia, em 1944, desempenhou um pequeno papel na opereta " Os Magalas" onde cantava uma desgarrada com Hermínia Silva e Carlos Ramos. Terminadas as apresentações em palco da peça regressou às actuações em casas de fado, conciliando-as com apresentações ao vivo na rádio, em especial na Emissora Nacional.
Por mais duas vezes participará em produções teatrais, na opereta "Rosinha dos Limões", apresentada no Coliseu dos Recreios e na revista “Muitas e Boas”.
Manuel Fernandes casou em 1946 com Adelaide Cardoso, também ela intérprete de fado, conhecida pela “Miúda de Alfama”. O casal teve duas filhas, a quem deu os nomes de Isaura e Maria Manuel. Em homenagem ao nascimento da sua primeira filha, o fadista compôs o tema “Vassourinha”, que se tornou num dos seus maiores êxitos.
Em 1953 fez a sua primeira deslocação ao estrangeiro, contratado para actuar no Brasil, país onde esteve por três meses, apresentando-se em São Paulo, na “Adega do Douro”, em programas de rádio e chegando mesmo a gravar nesse país o seu primeiro disco.
No seu regresso foi convidado a ingressar no elenco de "Os Companheiros da Alegria", um grupo artístico dirigido pelo actor e locutor Igrejas Caeiro que acompanhou a volta a Portugal em bicicleta e actuava nas localidades onde finalizava a etapa. Fruto do estrondoso êxito alcançado nesses espectáculos, terminada a " Volta " o grupo continuou a actuar um pouco por todo o país.
Em 1957, o fadista foi um dos artistas seleccionados para representar Portugal no Festival da Canção Latina de Génova. E, três anos mais tarde, a convite de Odir Odilon, iniciou uma tournée em África acompanhado por Cidalisa do Carmo e o pianista Tobias. No entanto, por divergências pessoais com o organizador, acabou por interromper prematuramente a digressão.
Em 4 de Maio de 1962 comemorou as Bodas de Prata numa grandiosa festa realizada no Coliseu dos Recreios.
Manuel Fernandes teve uma carreira profissional muito activa e diversificada em actuações em casas de fado, em apresentações na rádio e, após a inauguração da RTP, em televisão. Realizou digressões às Ilhas portuguesas, a Angola, Moçambique, França, Brasil, Inglaterra, África do Sul, Estados Unidos e Canadá.
A meio da década de 1980 o fadista afastou-se dos palcos e abandonou a carreira artística, afirmando preferir que as pessoas tivessem saudades suas, em vez de o continuarem a ouvir sem o brilhantismo de outrora (cf. “DN Magazine”, 16 de abril de 1989).
Manuel Fernandes faleceu a 20 de Maio de 1994, deixando a sua marca numa discografia que ultrapassa os 70 discos, tendo mesmo gravado dois LPs em parceria com as fadistas Maria Marques e Maria do Espírito Santo, para uma editora americana.
Fonte:
“Canção do Sul”, 1 de Abril de 1941;
“Guitarra de Portugal”, 1 de Dezembro de 1945;
“Ecos de Portugal”, 1 de Janeiro de 1948;
“Àlbum da Canção”, 1 de Outubro de 1964;
Manuel Fernandes, s/d.
Manuel Fernandes, s/d.
Alice Maria, Manuel Fernandes e Maria José da Guia Adega Machado, s/d.
Manuel Fernandes África do Sul, 1983
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A Vassourinha Manuel Fernandes (Domingos Gonçalves da Costa / Fado Menor)