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José Luís Nobre Costa
(N. 4 maio, 1948 - M. 11 fevereiro, 2014)José Luís Nobre Costa nasce em Lisboa, em 1948. Neste período, em que era habitual ouvir-se Fado nos programas da Emissora Nacional, nomeadamente instrumentais de guitarra, Nobre Costa começou a sentir um fascínio pela guitarra portuguesa. Inicia-se no estudo do instrumento aos 15 anos, influenciado pelos guitarristas que ouve através da rádio, como Jaime Santos e Raul Nery. Mais tarde esta aprendizagem é orientada pelo professor Raul Silva, que lhe lecciona os primeiros acordes numa guitarra de Gilberto Grácio oferecida pelo pai.
O seu percurso musical, ainda como amador, inicia-se no grupo "Os Feiticeiros do Fado" que reunia regularmente no Restaurante "O Pote" e, mais tarde, no restaurante "Alga", locais apropriados para as tertúlias de apaixonados pelo Fado. Este grupo integrava vários cantores amadores e instrumentistas: Pedro Caldeira Cabral, Luís Durão, Luís Penedo, Ernesto Durão, Luís Morais, Carlos Semedo.
Profissionaliza-se em 1969 e integra o elenco de instrumentistas do "Faia", altura em que participa no seu primeiro programa de televisão acompanhando Alfredo Marceneiro. Seguiu-se depois a "Taverna do Embuçado", onde conhece o guitarrista Fontes Rocha e Pedro Leal, com quem veio a desenvolver e aperfeiçoar a sua técnica, descrita como: "Tendo no início um estilo próximo de Jaime Santos mas buscando uma sonoridade mais próxima de Raul Nery..."
Nobre Costa passa a acompanhar assiduamente o fadista João Braga, sendo posteriormente convidado para participar em diversos espectáculos no Casino do Estoril, onde se manteve cerca de 23 anos a actuar e a acompanhar grandes nomes da canção, tais como: Helena Tavares, Maria Valejo, Lenita Gentil, Carlos Zel, Rodrigo, entre outros.
Nesta fase, o guitarrista alternava as actuações no Casino com a presença mais ou menos assídua nas casas de Fado "Forte D. Rodrigo" e "Arreda", propriedade de Rodrigo. Fruto desta convivência, e acompanhado pelo também guitarrista António Parreira, gravou vários discos com o fadista Rodrigo.
Em 1994 integrou dois grandes espectáculos do encenador Ricardo Pais: "Fados", realizados no Centro Cultural de Belém e no Teatro da Trindade.
Em 1999, participou na gravação do CD "Fado Por Timor", por iniciativa da Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa - actual Museu do Fado. Em Novembro deste ano, com o fadista João Braga, integrou a comitiva do Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, na viagem que efectuou ao México.
Colaborou no projecto "Quatro Cantos" juntamente com os músicos Francisco Gonçalves e Armando Figueiredo a acompanhar os fadistas António Pinto Basto, José da Câmara, Maria Armanda e Teresa Tapadas.
Entre o ano lectivo 2001/2002 José Luís Nobre Costa integrou o corpo docente na Escola do Museu do Fado, manifestando o seu compromisso com a continuidade desta expressão musical que tanto prezava: “Todos nós e os vindouros não seremos demais para continuar o nosso Fado”. Foi tutor de Pedro de Castro, uma dos mais talentosos guitarristas da actualidade.
Ao longo do seu percurso profissional, o virtuosismo de José Luís Nobre Costa fez-se ouvir em inúmeras gravações discográficas, programas de rádio e televisão e espectáculos por todo o mundo, acompanhando artistas consagrados, com destaque para Alfredo Marceneiro, Lucília do Carmo, Frei Hermano da Câmara, Argentina Santos, Manuel de Almeida, Rodrigo, Rão Kyão, António Pinto Basto, Carlos Zel, Dulce Guimarães, João Braga, entre outros.
José Luís Nobre Costa faleceu em Lisboa, a 11 de Fevereiro de 2014.
Em 2017 é lançado o álbum póstumo “Há Guitarra”, que reúne um conjunto de gravações em estúdio e ao vivo de Nobre Costa, e que conta a participação de Pedro de Castro, Francisco Gonçalves e de Joel Pina.
Fonte:
Caldeira Cabral, Pedro (1999) "A Guitarra Portuguesa", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;
Museu do Fado - Entrevista realizada em 12 de Setembro de 2006.