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Joana Amendoeira
(N. 30 setembro, 1982)Joana Amendoeira nasceu em Santarém e sente o fado desde muito jovem, “O fado aconteceu-me não sei bem porquê” e retoma, “A mim veio buscar-me aos 6 anos, quando cantei “Cavalo Russo” aos meus avós e eles perceberam um requebro na minha voz que prometia mais.” (cf. “Destak”, 2 Março de 2007). Não tardou muito para que o destino lhe traçasse a meta e Joana Amendoeira passou a cantar com mais frequência em festas e outros espaços onde, espontaneamente, o fado acontecia.
Estreia-se aos 11 anos na Grande Noite do Fado realizada na cidade do Porto. Joana Amendoeira regressa ao concurso que vence no ano seguinte na categoria de interpretação feminina. Entre as actuações de fins-de-semana no restaurante O Castiço e o apelo, cada vez mais presente, de cantar fado, Joana Amendoeira conhece outros fadistas e músicos, fundamentais na redefinição do seu próprio género.
Fixa-se em Lisboa aos 18 anos, altura em que integra o elenco do Clube de Fado, uma das mais emblemáticas casas de fado de Lisboa. Simultaneamente inscreve-se na Academia de Amadores de Música ao que se segue a entrada no curso de Antropologia. (cf. “Fados Nossos”, pág. 26). Nunca se desligando do fado, Joana Amendoeira apresenta, em palcos nacionais e estrangeiros, o seu primeiro álbum “Olhos Marotos” (1997). Destaque para as actuações em Budapeste, por ocasião do evento “Dias de Portugal”, organizado pelo ICEP e em Paris, no auditório da Rádio Alfa que Joana partilhou com Carlos do Carmo.
Joana Amendoeira tornara-se uma das mais jovens intérpretes de fado que num curto espaço de tempo vê editados dois álbuns, o segundo intitulado “Aquela Rua” (2000), contou com a produção de Jorge Fernando e os músicos Custódio Castelo (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola), Marino de Freitas (viola baixo) e Ricardo Cruz (contra-baixo). Nesta fase, Joana Amendoeira apresenta-se em espectáculos em praticamente todo o mundo – saliente-se a sua actuação em São Paulo no âmbito das comemorações dos 500 anos da descoberta do Brasil, para além das regulares actuações no Clube de Fado, despertando a atenção de uma crítica cada vez mais elogiosa.
São momentos únicos, seus e dos músicos que a acompanham, os palcos e eventos que refere no site pessoal, “…na Holanda (Kleine Komedie), Itália (Instituto Português de Santo Agostinho), Alemanha (Festival de Canções de Verão), Hungria (a convite do ICEP), Brasil (Hotel Vila Galé), U.S.A. (Comunidade Portuguesa de São José da Califórnia) e França (Comunidade Portuguesa de Lyon). Com o reconhecimento internacional é convidada a ir ao Japão, para uma digressão de 23 dias; actua na prestigiada sala Muziekcentrum Vredenburg, em Utrecht (Holanda); na carismática Sale Jacques Brel, em Fontenay (França) e no Centro Cultural Dom em Moscovo”.
“Joana Amendoeira” (2003) é o título homónimo para o seu terceiro álbum editado pela CNM. Na altura do seu lançamento reconheceu-se que “Este disco vem provar à exaustão que Joana Amendoeira tem um estilo próprio, uma voz sua, um repertório seu e uma qualidade que poucas têm: a capacidade de interpretar os textos, de os dizer com uma dicção impecável, em que se percebem cada palavra e cada inflexão, sem ornatos desnecessários, nem pretensiosas exibições de canto.” (“Público”, 07 de Março de 2003). Joana Amendoeira explora neste seu disco, para além dos acompanhamentos da guitarra portuguesa, da viola e viola-baixo, o som do violoncelo no bonito tema “Amor mais perfeito” (Fontes Rocha / Mário Raínho).
A par da produção e dos concertos agendados, Joana Amendoeira é presença confirmada nas colecções “Novas Vozes, Novos Fados”, “Nova Biografia do Fado”, vindo também a integrar o disco de homenagem a um dos maiores autores de fado, Mário Moniz Pereira.
Indicativo do êxito entretanto alcançado pela jovem fadista, é a distinção em 2004 com o Prémio Revelação atribuído pela Casa da Imprensa. No seguimento deste reconhecimento, Joana Amendoeira edita “Ao vivo em Lisboa”, (2005) gravado no Teatro de São Luiz em Lisboa.
Depois de ter participado no disco de homenagem a Carlos do Carmo “O Novo Homem na Cidade” (2003), ao que se seguiram dois espectáculos ao lado do fadista, em Viena e Amesterdão, Joana Amendoeira integra o cartaz de dois eventos de World Music, o “Mercat de Musica Viva" (2003) e “Strictly Mundial” (2005), realizados em Espanha e Canadá respectivamente. Joana Amendoeira volta a protagonizar uma extraordinária evolução na sua carreira musical, quer a nível nacional como internacional, estruturada a partir da sua sensibilidade criativa e do excelente leque de músicos que a acompanham.
Com Hélder Moutinho apresenta-se no “Festival Atlantic Waves” (2005) realizado em Londres, numa iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, e que juntou outros artistas portugueses para concertos de promoção e divulgação da música portuguesa.
“À Flor da Pele” surge em 2006 e “retrata um envolvimento intenso e cheio de verdade”. Com Pedro Amendoeira na guitarra portuguesa, Pedro Pinhal na viola de fado e Paulo Paz no contrabaixo e baixo acústico, a fadista ampliou a longa lista de espectáculos, com tournées pela Europa, garantido também o reconhecimento cada vez mais notório dentro do género.
Em Novembro de 2007 a fadista protagoniza um concerto único com a Orquestra do Algarve e que teve lugar no Auditório Municipal de Portimão. Dirigida pelo maestro Cesário Costa, Joana Amendoeira apresentou um repertório de fado numa junção com a música clássica. “Joana Amendoeira & Mar Ensemble” (2008), em formato CD e DVD, surge na linha do espectáculo com a Orquestra do Algarve e revela-nos para além do quarteto de acompanhamento ao fado - guitarra portuguesa, viola de fado, contabaixo e acordeão, um quarteto de cordas e um quarteto de sopro. Este trabalho, apresentado e gravado no Castelo de S. Jorge, no âmbito da programação “Festa do Fado/Festas de Lisboa 2008”, tem vindo a constituir-se como um fenómeno de grande êxito no percurso de Joana Amendoeira.
A discografia de Joana Amendoeira é vasta e sempre com raízes muito assentes no Fado Tradicional: "Sétimo Fado" (2010), "Amor mais que perfeito" (2012), um tributo a Fontes Rocha, e "Muito depois" (2016) foram os álbuns que se seguiram. O seu décimo trabalho, "Na volta da maré" (2020), é, talvez, o mais maduro de todos e conta com a colaboração de Pedro Amendoeira, na guitarra portuguesa, João Filipe, na viola de Fado, Carlos Menezes, no contrabaixo, Ruca Rebordão, na percussão e Nilson Dourado, na viola caipira, clarinete e cavaquinho, bem como Fred Martins.
Fonte:
http://joanaamendoeira.blogspot.com/
“Público”, 07 de Março de 2003
Carita, Alexandra e Jorge Simão (2006), “Fados Nossos”, Lisboa, Aletheia Editores;
“Destak”, 02 de Fevereiro de 2007
“Ípsilon”, 19 de Dezembro de 2008
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Lisboa, Amor e Saudade Joana Amendoeira (José Luís Gordo / Pedro Pinhal)