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Frederico Valério

(N. 11 junho, 1913 - M. 29 maio, 1982)

Frederico Valério é amplamente reconhecido como um dos mais talentosos e prolíficos compositores portugueses. Precursor do Fado-Canção moderno, foi autor de um vasto número de composições que se tornaram referências incontornáveis nos repertórios do teatro musicado e do fado.

A sua apetência para a música revelou-se logo na infância e, com 13 anos iniciou a sua aprendizagem na Academia de Amadores de Música, em paralelo com os estudos na Escola Comercial Veiga Beirão. Terminou o curso comercial e, mais tarde, foi para o Conservatório Nacional de Música para estudar piano, optando definitivamente pela carreira musical.

O seu percurso profissional iniciou-se aos 19 anos, com a revista “A Feira da Alegria”, e em poucos anos afirmou-se como um dos mais prestigiados compositores da época, em paralelo com Raúl Portela, Raúl Ferrão ou Frederico de Freitas. No decurso dessa década musicou para um grande número de revistas, com destaque para “Anima-te, Zé!” e “Milho Rei” (1935), “À Vara Larga” (1936), “Chuva de Mulheres” (1937), “Cigarro Forte” e “Rua da Paz” (1938), entre tantas outras produções que se estrearam nos teatros de Lisboa. Os temas “Mãos Sujas” e “Soldado do Fado”, ambos interpretados por Hermínia Silva na revista “Chuva de Mulheres”, são exemplos do sucesso das suas composições.

No início da década de 40, o seu trajecto musical cruzou-se com o de Amália Rodrigues, para quem compôs alguns dos seus maiores êxitos deste período – “Ai Mouraria”, “Fado do Ciúme”, “Fado Malhoa”, “Que Deus me perdoe”, entre outros. Frederico Valério está na vanguarda do aparecimento do chamado Fado-Canção moderno, “um sub-género que os puristas do meio fadista começarão por repudiar como espúrio mas que muitos dos fadistas mais reputados não hesitarão a adoptar para os seus repertórios, sobretudo quando Frederico Valério vier a compor para Amália alguns dos seus maiores sucessos da década de 1940 (…).” (cfr. Rui Vieira Nery, p.214).

Amália Rodrigues, consciente do impacto dos temas compostos por Frederico Valério, presta-lhe os maiores elogios na sua biografia: “A existência do Valério, quando eu estava a começar a cantar, foi formidável. Tinha um tipo de melodia que era para a minha voz. Conhecia muito bem a minha voz e escrevia para mim, para toda a gama da minha voz… (…) Nos fados do Valério a melodia está lá toda, nem que se faça uma voltinha pequena, não se nota, a orquestra segue na mesma.” (cfr. Vítor Pavão dos Santos, p.69).

Em 1947, Frederico Valério fez a sua primeira incursão pelo cinema, sector no qual voltou a evidenciar o seu brilhantismo como compositor musical. Escreveu para as bandas sonoras dos filmes “Capas Negras” e “Aqui, Portugal” ambos de 1947 e realizados por Armando Miranda, “Um Marido Solteiro”, de Fernando Garcia, “Madragoa” de Perdigão Queiroga (1952) e “Sangue Toureiro” de Augusto Fraga (1958).

Não obstante o enorme sucesso alcançado em Portugal, decidiu rumar aos Estados Unidos da América em 1948. Neste período de actividade no prestigiado mercado musical norte-americano, o maestro português registou um sucesso sem precedentes. Primeiro ao atingir o número 1 do Hit Parade, com o tema “Don’t Say Goodbye”, e mais tarde ao assinar dois musicais na conceituada Broadway: “On with the Show” e “Hit the Trail” (1954). Do seu ilustre currículo internacional consta ainda a gravação de temas com enorme popularidade em países como o Brasil, a Alemanha, a França e a Inglaterra.

De regresso a Portugal, e até ao final da sua carreira, ainda compôs para Simone de Oliveira, Helena Tavares e Cidália Moreira.

A Câmara Municipal de Lisboa, em reconhecimento do seu trabalho cimeiro como maestro e compositor musical, atribuiu o seu nome a uma rua de Lisboa, situada no Bairro de Caselas, na Freguesia de São Francisco Xavier.

 

Fonte:

Guinot, M., Carvalho, R., Osório, J.M. (1999) “Histórias do Fado”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube;

Machado, Paula (2000), “Frederico Valério”, Câmara Municipal de Lisboa;

Nery, Rui Vieira (2004), “Para uma História do Fado”, Lisboa, Público/Corda Seca;

Rebello, Luiz Francisco (1985), “História do Teatro de Revista em Portugal”, Vol. 2 “Da República até hoje”, Lisboa, Publicações Dom Quixote.

Santos,Vítor Pavão (1987) “Amália Uma Biografia”, Lisboa, Contexto Editora.

 

 

 
 

Laura Alves e Frederico Valério, 1951 (Col. José Pracana)

Frederico Valério e Edith Piaff, s/d (Col. José Pracana)

Frederico Valério, s/d (Col. José Pracana)

João Pires Valério Jr, Irving Berlin e Frederico Valério, Aeroporto de Grossinger, s/d (Col. José Pracana)

Frederico Valério, Malveira, 1938 (Col. José Pracana)

João Pires Valério Jr. e Frederico Valério, Ponta Delgada, 1949 (Col. José Pracana)

Frederico Valério, Eugénio Salvador, Beatriz Costa e Erico Braga (Col. José Pracana)

  • Sabe-se Lá Amália Rodrigues (Silva Tavares / Frederico Valério)