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Duarte Pais

(N. 16 dezembro, 1913 - M. 6 novembro, 1978)

Filho de João Pais do Amaral e de Adelaide da Conceição, Duarte Pais Amaral nasceu em Lisboa, na freguesia do Socorro, em 16 de Dezembro de 1913.

Duarte Pais, para além de ter trabalhado como empregado comercial, desenvolveu todo o seu percurso profissional como operário na fábrica de borracha BIS, onde chegou a ser encarregado das oficinas.

Paralelamente Duarte Pais desenvolveu um gosto particular pelo fado e, sem nunca abdicar da sua carreira profissional, foi a pouco e pouco, fazendo uma carreira enquanto cantador de fados. Com 18 anos começa a cantar em festas particulares com outros amigos e, a partir daí, faz um percurso que inclui praticamente todas as colectividades de cultura e recreio de Lisboa.

Nas décadas de 1930 e 40, em paralelo com a grande dinâmica das chamadas “casas típicas”, há também um grande número de colectividades que apresenta, aos fins de semana, matinés e espectáculos de fado e variedades. Duarte Pais integra regularmente os elencos destes espectáculos, nomeadamente em espaços como a Sociedade União Operária de Carnide ou a Academia Musical União Familiar de Telheiras (espaços que nos revelam bem a amplitude do fenómeno destes espectáculos numa área muito abrangente da cidade) e, posteriormente, toma mesmo a seu cargo a organização deste género de eventos.

Mais tarde começa a ter outro tipo de solicitações e, em Julho de 1944, estreia-se na Cevejaria Luso, com tal sucesso que permanecerá vários anos como artista privativo deste espaço. Nesta altura o jornal “Canção do Sul” anunciava: “deixou de figurar nos cânones do amadorismo o cantador Duarte Pais, que se apresentou na Cervejaria Luso”, mais afirmava-se que “Duarte Pais já não é um ilustre desconhecido (…) - no entanto apresentamo-lo como um cantador sentimental de boa classe e que revela no seu trabalho fadístico uma sobriedade de estilo que o público aglutina e palmeia sem regatear.” (cf. “Canção do Sul”, 1 de Agosto de 1944, pp. 3).

Duarte Pais dinamizou espectáculos de fado no Café Vera Cruz, passou pelo Retiro dos Marialvas e pela Sala Júlia Mendes, entre outros espaços. Realizou inúmeras tournées por todo o país, algumas integrando o grupo artístico de fados “Os Trovadores”, agrupamento que em 1943 contava ainda com os nomes de Alice Magina, João Gonçalves, António Silva e Manuel Delgado e que, no decorrer da década, foi sofrendo algumas alterações na sua formação.

A sua faceta enquanto organizador de espectáculos levou-o a obter no SNI (Secretariado Nacional da Informação) uma autorização especial para esse efeito, em 1950. Durante muitos anos dirigiu artisticamente a programação da Adega Perez, na Rua Conde Valbom.

Duarte Pais foi sempre uma presença fiel em espectáculos de homenagens a colegas fadistas e em festas cujos fundos revertiam para obras de beneficência. Para além de desenvolver a sua carreira profissional como fadista, integrando os elencos de algumas das melhores casas de fado de Lisboa, manteve a sua outra actividade profissional diária na fábrica de borracha Bis.

Embora Duarte Pais não nos tenha deixado registos discográficos que permitam conhecer hoje as suas qualidades interpretativas, é notório o percurso que fez nos espaços de fado e em digressões nacionais, considerado “um cantador que se impõe, pelo seu porte correcto, e nos delicia com a sua agradável voz” (cf. “Guitarra de Portugal”, 15 de Dezembro de 1946, pp. 4).

Acrescente-se que Duarte Pais era um homem com ideais de esquerda. Esteve presente no 1º Congresso do Partido Comunista Português realizado após o 25 de Abril, em Outubro de 1974. E, nessa altura, visitou toda a Europa de Leste.

Faleceu em 6 de Novembro de 1978, no seu posto de trabalho na fábrica de borracha BIS. Tinha 64 anos e faltavam-lhe apenas 2 anos para a reforma.

O seu filho, Cipriano Martinho Sobreda, entregou ao Museu do Fado o espólio do fadista.

 

Fonte:

“Canção do Sul”, 16 de Janeiro de 1945;

“Guitarra de Portugal”, 15 de Dezembro de 1946;

“Ecos de Portugal”, 1 de Junho de 1947;

“Ecos de Portugal”, 15 de Julho de 1948;

“Ecos de Portugal”, 15 de Maio de 1951.

Duarte Pais

Bilhete de Identidade | Identity Card de Duarte Pais, 1970

Cartão de Identidade do Sindicato Nacional | Nacional Trade Union Identity Card, Duarte Pais, 1967