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Cristina Branco

(N. 25 maio, 1972)

Cristina Branco nasceu e cresceu em Almeirim, cidade ribatejana. Longe de Lisboa e das casas de fado que a povoam, Cristina Branco começa por ouvir cantoras como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Elis Regina e só mais tarde, ao completar os 18 anos de idade, conhece a voz de Amália Rodrigues. Este “encontro” acontece depois de o avô lhe oferecer pelo seu aniversário o disco “Rara e Inédita”, despertando em Cristina Branco sentimentos nunca antes vividos: “Apaixonei-me por ele (disco), e depois tudo o que fosse Amália eu consumia imediatamente.” (cf. “Diário de Notícias”, 19 de Maio de 2001).

Inscreveu-se no curso de Psicologia, optando mais tarde por Comunicação Social. Nunca se adaptando a Lisboa, Cristina Branco regressa à cidade natal, para junto dos familiares e amigos. Numa noite atreve-se a cantar fado e aquilo que aconteceu de forma descontraída e sem grandes ambições tornou-se num momento decisivo para a sua vida. Depois desta primeira incursão no fado, Cristina Branco é convidada por um dos músicos para nova apresentação e “tudo começou naturalmente, sem alaridos nem festivais”, revela. Seguiu-se uma breve passagem pela televisão e a convite de José Melo, Cristina Branco é convidada para se apresentar na Holanda, em 1997, no âmbito das comemorações do 25 de Abril. Este primeiro concerto ao vivo, é gravado e resulta no álbum de estreia “Cristina Branco in Holland” (1997) que rapidamente se esgota nas suas diversas edições.

Com a promoção do seu primeiro álbum e vários concertos agendados, projecta-se a edição de um novo disco com a editora holandesa Music & Words. “Murmúrios” (1998) é o título escolhido para um álbum composto por 14 temas que vão desde fado a músicas da autoria de Sérgio Godinho e José Afonso. “Murmúrios” veio reforçar o percurso de sucesso que Holanda e França já haviam declarado a Cristina Branco e aos seus músicos. Sucedem-se os concertos, a inerente divulgação e em França a revista “Le Monde de la Musique” atribui-lhe o “Prix Choc”, na categoria de World Music. Em Março de 2000 Cristina Branco voltará vencer o “Prix Choc” com o novo álbum “Post-Scriptum”. O sucesso estende-se a Portugal (com um espectáculo em Maio de 2000 no Centro Cultural de Belém) e restante Europa.

“Corpo Iluminado” (2001) merece o destaque da imprensa e do público português, que parecem finalmente, ter “descoberto” a voz de Cristina Branco. Se o sucesso se mantêm por toda a Europa, com concertos esgotados em variadíssimas salas – saliente-se que em França, Cristina Branco foi fortemente aclamada pelo público e pela crítica não resistindo à inevitável comparação com Amália Rodrigues - em Portugal escrevia-se sobre Cristina Branco, “Sem nenhum fascínio pelo rigor dos puristas e com muitos interesses fora do fado, Cristina Branco continua, neste seu quinto disco (…) a alargar as fronteiras do fado. (…) Tem uma voz de impressionante qualidade e uma versatilidade que lhe permite abordar, num único álbum temas clássicos como “Meu Amor, Meu Amor (Limão de Amargura) ou “Disse-te Adeus e Morri” (cf. “DN”, 19 de Maio de 2001). Para além do espectáculo no Castelo de S. Jorge, no âmbito da Festa do Fado, Cristina Branco regressará ao palco do CCB.

Depois de uma digressão mundial em 2001 levando a intérprete aos Estados Unidos, México, Brasil, Japão e Coreia do Sul, José Melo voltará a promover mais um trabalho da fadista. O então presidente do Círculo de Cultura Portuguesa na Holanda, profundo conhecedor da poesia de Jan Jacob Slauerhoff, viu na voz de Cristina Branco e nas composições de Custódio Castelo a dupla perfeita para a elaboração de “uma obra multicultural notável”, segundo escreveu na Nota de Introdução ao CD “O Descobridor - Cristina Branco Canta Slauerhoff” (2002), álbum que alcança a dupla platina.

Em Setembro de 2002, com Katia Guerreiro, Mafalda Arnauth, Teresa Tapadas, Marta Dias e Ana Sofia Varela, Cristina Branco vem completar o leque de nomes em destaque no ciclo “Novas Divas do Fado”, apresentado em Famalicão, numa iniciativa que se dedicou inteiramente ao universo do Fado.

Em "Sensus" (2003) Cristina Branco canta poetas como Vinicius de Moraes, William Shakespeare, Vasco Graça Moura, Maria Teresa Horta, entre outros, magistralmente musicados por Custódio Castelo. Esta aliança entre voz, música e poesia ao mesmo tempo uma renovação, (veja-se a título de exemplo os casos de Amália Rodrigues, Maria da Fé e Mísia) confirmam Cristina Branco como uma das mais inovadoras intérpretes do panorama musical português. Em “Ulisses” (2005) Cristina Branco canta em espanhol, francês e inglês e traz-nos, entre outros outras assinaturas, os nomes de José Afonso, Joni Mitchell, Vitorino, Júlio Pomar, Fausto. Neste disco, que contou com o piano de Ricardo J. Dias, Cristina Branco escreveu: “Ulisses foi um desafio, cheio de chegadas e partidas, estórias de vidas, viagens longínquas, às vezes por dentro de nós, viagens no amor (ilhas perdidas…), caminhos retomados.” (cf. “Ulisses”, 2005).

Cristina Branco continuou a esgotar palcos em todo o mundo, com especial destaque para a Holanda de onde partiu o convite para um espectáculo na Feira Internacional de Aichi no Japão.

Como uma homenagem a Amália Rodrigues surge em 2006 o Cd e DVD “Live”. Este trabalho, gravado ao vivo na Holanda, inclui temas como “Trago Fado nos Sentidos”, “Fria Claridade” e “Estranha Forma de Vida”, exemplos da herança musical de Amália Rodrigues. Após receber o Prémio Amália Rodrigues Internacional, Cristina Branco revisita José Afonso e lança para o mercado “Abril” (2007).

Fechando este ciclo de projectos, Cristina Branco retoma a interpretação de temas inéditos com a edição do seu mais recente álbum “Kronos” (2009). Para esta edição, Cristina Branco contou com as colaborações de José Manuel Neto e Bernardo Couto na guitarra Portuguesa, Alexandre Silva na viola de Fado, Fernando Maia na guitarra baixo e Ricardo Dias no piano. Bernardo Moreira, Mário Delgado e João Paulo Esteves completam a selecção de músicos que acompanham Cristina Branco. Escreveram e compuseram para este disco Manuel Alegre, Hélia Correia, Janita Salomé, Sérgio Godinho, Miguel Farias, Carlos Bica, Álvaro de Campos, Mário Laginha, Amélia Muge, José Mário Branco, Vasco Graça Moura, Carlos Tê, Vitorino João Paulo Esteves da Silva, Júlio Pomar e Victorino d´Almeida.

Em 2010, recebe uma nomeação para o prémio "Autores" da SPA, concorrendo a melhor canção com "Margarida", do seu álbum "Kronos".

Um ano mais tarde, edita "Não há tangos em paris”, seguindo-se "Alegria" (2013), "Menina" (2016), "Branco" (2018) e "Eva", em 2020.

 

Fonte:

http://www.cristinabranco.com/

Diário de Notícias, 01 de Julho de 2000

Diário de Notícias, 19 de Maio de 2001

Diário de Notícias, 22 de Maio de 2001

Expresso, 16 de Junho de 2001

Jornal “Digital do Norte”, 06 de Setembro de 2002

“The New York Times”, 9 January, 2001

Expresso, 29 de Junho de 2002

Cristina Branco s/d

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José Manuel Neto, Cristina Branco s/d

Cristina Branco s/d

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  • Corpo Iluminado Cristina Branco (Davis Mourão-Ferreira / Custódio Castelo)