Conheça melhor:
António Menano
(N. 5 maio, 1895 - M. 11 novembro, 1969)Filho de António da Costa Menano e de Januária Augusta Paulo, António Paulo Menano nasceu em Fornos de Algodres no dia 05 de Maio de 1895. António Menano cresceu no seio de uma família de 12 irmãos, destacando-se desde muito cedo graças à sua voz de tenor. Quando questionado sobre quando começou a cantar revelou: “Aos 11 anos, o primeiro fado que cantei foi o da Severa, depois o da Maria Victoria de que sou apaixonado.” (cf. “Guitarra de Portugal”, 23 de Junho de 1923)
Em 1915, António Menano ingressa no curso de Medicina da Universidade de Coimbra e abraça definitivamente a paixão pelo fado de Coimbra, que tão enriquecido ficou com a harmonia da sua voz. Nesse mesmo e em Aveiro, sobressai com a interpretação de um fado num Sarau organizado pela Associação Académica de Coimbra, e que contou com a participação da Tuna e do Orfeon. Outro momento relevante é quando António Menano canta um trecho de “Os Lusíadas”, musicado por Dr. Elias de Aguiar, no âmbito da festa de homenagem a Camões, ocorrida em Coimbra, em Junho de 1915.
Segundo José Niza “É também em 1915 que surge a primeira edição musical com fados de autoria de António Menano, “Os três mais lindos fados de Coimbra” publicada pela Livraria Neves…”, e que são o fado “D´Um Olhar”, o “Fado das Morenas” e o “Fado da Noite” (cf. José Niza, “Fado de Coimbra II: 57).
Com a reorganização do Orfeon Académico e sob a regência de Dr. Elias de Aguiar, António Menano é convidado para o referido grupo como solista e ensaiador. Desta forma passa a actuar com bastante regularidade em espectáculos, saraus e outras actividades.
Anos mais tarde, em 1918 António Menano passa a integrar a Direcção do Orfeon Académico, mantendo-se a extensa programação de concertos em palcos nacionais e internacionais, com destaque para as digressões, já na década de 20, a Espanha (Salamanca, Madrid e Valladolid), França (Paris,Toulouse, Bourdéus e Bayona) e Brasil.
Entretanto, em finais de 1919, é decretada a proibição de realizar serenatas e o resultado desta medida acaba por ter efeitos contrários, ou seja, o fado e as guitarradas despontam para uma nova era. Efeito ou não desta medida, é a edição, com enorme sucesso, da colecção “Reportório do Orfeon da Universidade”, que alinha os fados de António Menano; “Patriótico”, “Da Granja”, “Das Romarias”, “Do Choupal” e “Dos Passarinhos”.
Após a conclusão do curso de medicina, António Menano fixa-se na terra natal, Fornos de Algodres, exercendo a sua actividade profissional, mas sem nunca se desligar do meio artístico e académico.
Retomando José Niza “António Menano tornar-se-ia, definitivamente, o cantor de Coimbra mais conhecido e de maior fama em todo o país, com as gravações que fez entre os anos de 1927 e 1929, em Paris, Lisboa e Berlim, para a companhia Odeon de Paris.” (cf. José Niza, “Fado de Coimbra II: 58) Com efeito, o médico e cantor contabiliza inúmeros registos discográficos, fazendo de Menano uma das mais activas e consagradas vozes de Coimbra. Ao repertório de fado, junta-se também a interpretação de canções ao piano que compõem-se e valorizam a discografia de António Menano. Em 1928 a primeira página da “Guitarra de Portugal”, nas edições 142 e 143, voltará a dar destaque a Menano apresentando o artigo “Os Fados do Menano”, dos quais podemos destacar, entre muitos outros, o “Fado do Bussaco”, “Um Fado”, “Canção dos Malmequeres”, “Fado do Choupal”, “Fado Patriótico”, “Fases da Lua”, “Fado da Serenata” e “O Meu Menino”.
No âmbito da “Exposição Ibero-Americana”, que teve lugar em Sevilha no ano de 1929, António Menano é convidado a integrar a “Embaixada Artística da Academia de Coimbra”, ao lado de Artur Paredes (guitarrista), Afonso de Sousa (guitarrista), Guilherme Barbosa (violista).
António Menano resolve abandonar a carreira artística e em 1933 parte voluntariamente para Inhaminga, em Moçambique, para exercer medicina. Regressará definitivamente a Portugal em 1961.
Reconhecido como uma das mais importantes vozes de Coimbra, mesmo após a saída do circuito artístico, António Menano “De tempos a tempos aparecia em Coimbra e acabava sempre a cantar, fazendo-o em qualquer sítio, desde que isso se proporcionasse; uma noite acabou por cantar nas escadas da secular igreja de Santa Cruz….” (cf. José Niza, “Fado de Coimbra II: 57). Assinala-se outro momento inesquecível, um recital que teve lugar no Instituto Superior de Agronomia, e que se tornaria numa noite de grande êxito.
António Menano faleceu em 11 de Setembro de 1969. No dia 12 o jornal “Diário de Notícias” comunicava da seguinte forma: “A melhor, a mais romântica voz de Coimbra, calou-se para sempre. Chamava-se António Menano.” (cf. “Diário de Notícias”, 12 de Setembro de 1969).
Na celebração das Bodas de Ouro do curso de Medicina, foi descerrada uma placa evocativa “… ao talvez mais célebre elemento do Curso com a seguinte inscrição:
Em 1995 e 1996 a Valentim de Carvalho recuperou gravações em 78 rpm e editou em CD os volumes “António Menano - Fados” e “António Menano - Canções”, respectivamente. Também em 1995 a Tradisom edita o “Vol. V – António Menano (1927-1928) que integra a colecção “Arquivos do Fado” .
Em 08 de Março de 1996, António Menano foi distinguido com o grau Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique.
Fonte:
“Guitarra de Portugal”, 23 de Junho de 1923;
“Guitarra de Portugal”, 24 de Maio de 1928;
“Guitarra de Portugal” 08 de Junho de 1928;
Niza, José (1999) “Fado de Coimbra I”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube;
Niza, José (1999) “Fado de Coimbra II”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube;
Lopes, Rui (2009, “António Menano: Um “Rouxinol do Mondego”, na primeira década de oiro do Fado/Canção de Coimbra”;
http://www.uc.pt/antigos-estudantes/cancao_coimbra_folder/cancao_coimbra_docs/antonio_menano;
http://www.ordens.presidencia.pt/pdf/anuario1975_2007.pdf;
“António Menano (1927-1928)” – Arquivos do Fado, Volume V; edição Tradisom.
António Menano, s/d.
-
Fado dos Passarinhos António Menano (António Menano)
-
Fado do Hilário António Menano (António Menano)