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Artur Paredes

(N. 10 maio, 1899 - M. 20 dezembro, 1980)

Filho de Maria do Céu e de Gonçalo Rodrigues Paredes, Artur Paredes, nasceu em Coimbra, na viragem do século, em 10 de Maio de 1899.

Artur Paredes iniciou os estudos num colégio de Coimbra e precocemente começou a tocar guitarra portuguesa que aprendeu através dos ensinamentos de seu pai, Gonçalo Paredes e do seu tio Manuel Paredes, ambos excelentes guitarristas de Coimbra. Ainda que Artur Paredes não tenha prosseguido os estudos universitários, manteve estreita relação com os “organismos académicos”, nomeadamente com a Tuna e o Orfeon, que se fizeram acompanhar do guitarrista nas suas digressões, nacionais e internacionais - Espanha, Brasil. (cf. José Niza, “Fado de Coimbra I: 45)

Nesta trajectória, Artur Paredes tocou a solo e acompanhou autores e cantores como António Menano, Armando Goes, Edmundo Bettencourt, Lucas Junot, Paradela de Oliveira.

Em 1924 contrai matrimónio na cidade de Bragança com Alice Candeias, licenciada em Histórico-Filosóficas e mais tarde directora e professora num colégio particular em Lisboa. Desta união nasce outro genial guitarrista, Carlos Paredes. (cf. http://www.uc.pt/antigos-estudantes/cancao_coimbra_folder/cancao_coimbra_docs/artur_paredes)

Artur Paredes ingressa no Banco Nacional Ultramarino como empregado bancário, e como já referimos, sem nunca se desligar do meio académico e das composições musicais. Com efeito, e retomando José Niza, Artur Paredes “… não se limitou a ser um genial guitarrista e um excelente compositor – ele deu à guitarra coimbrã novas sonoridades, através de uma investigação persistente e sistemática, apoiada por uma outra geração de grandes artistas de construção de guitarras, a família Grácio.” (cf. José Niza, “Fado de Coimbra II: 79).

Em 1929, Artur Paredes desloca-se a Sevilha, no âmbito da “Exposição Ibero-Americana”, para uma actuação com a “Embaixada Artística da Academia de Coimbra”, composta por Afonso de Sousa (guitarrista), Guilherme Barbosa (violista) e António Menano (cantor).

Na década de 30, Artur Paredes é promovido e transferido para Lisboa onde, com a esposa e filho, fixa residência. Este é um momento chave na vida de Artur Paredes, e anos mais tarde, surge a oportunidade de ser o autor de um programa semanal de fados e guitarradas de Coimbra, emitido pela Emissora Nacional no qual, o seu filho Carlos Paredes participa.

Prosseguimos com José Niza: “…. Artur Paredes, não só reinventou e renovou a guitarra coimbrã, não só criou admiráveis composições, como também reconstruiu a arte de acompanhar as vozes dos cantores de forma sublime. Os seus acompanhamentos, as introduções aos fados, a dinâmica, o clima, as atmosferas musicais com que envolvia o apoio às vozes dos cantores constituíram uma extraordinária mais valia, que aliás fez escola em guitarristas que lhe sucederam, como foi o caso de António Brojo, António Portugal e Jorge Tuna, para já não referir o seu filho, Carlos Paredes.” (cf. José Niza, “Fado de Coimbra II: 80).

Artur Paredes dedicou-se ao estudo da morfologia do instrumento, tendo-lhe adaptado sucessivas modificações para obter melhor rendimento da mão esquerda. No sentido de lhe valorizar a sonoridade, preocupou-se com as dimensões da caixa harmónica, o tratamento das madeiras, a colocação das travessas, os pontos da escala e até com os cavaletes, que ele mesmo fazia.

Para além de todo este virtuosismo, Artur Paredes não gostava de repartir ou partilhar a sua arte com mais ninguém, mesmo que se tratasse de seu filho Carlos Paredes, à altura já também outro genial guitarrista.

Para as etiquetas His Master´s Voice e Alvorada, Artur Paredes gravou, entre outros temas, os seguintes registos: “Fado Hilário”, “Balada de Coimbra”, “Canção do Ribeirinho”, “Dança” e “Desfolhada”.

Nos últimos anos da sua vida tocava para um "círculo muito fechado de amigos, acompanhado à viola pelo juíz Dr. Carlos de Figueiredo, pelo Dr. José Manso Fernandes em segunda-guitarra e, ocasionalmente, por Fernando Alvim, com quem gravou em cassete algumas das suas novas composições, nunca tornadas públicas." (cf. Pedro Caldeira Cabral, 1999: 240)

Faleceu a 20 de Dezembro de 1980, em Lisboa, vítima de doença prolongada e da grande consternação provocada pela morte da esposa, que nunca conseguiu superar.

Aquando da sua morte, Dr. Afonso de Sousa, também guitarrista de Coimbra, contemporâneo de Artur Paredes e seu segundo guitarra em serenatas e gravações, dedicou-lhe esta quadra:

"Coimbra na noite calma
uma guitarra gemeu ?
Porque me iludes a alma
se o Artur Paredes morreu ?"

A 03 de Novembro de 1996 é homenageado pela Associação Académica de Coimbra. É nesta cidade, na casa onde Artur Paredes viveu, que podemos encontrar uma placa evocativa do genial guitarrista. A sua guitarra integra a colecção do Museu Académico de Coimbra.

Em 1994 é editado pela Movieplay, para a colecção “O Melhor dos Melhores” o CD intitulado “Carlos Paredes – Artur Paredes”, ao que se segue em 2003, o CD “Artur Paredes”. Em ambos os registos, o guitarrista é acompanhado por Carlos Paredes e Arménio Silva.

Também neste ano, na obra “Coimbra Nunca Vista” (Ed. D. Quixote) Manuel Alegre dedica-lhe o soneto intitulado “Artur Paredes (Variações em Ré Menor)”.

 

Fonte:

Caldeira Cabral, Pedro (1999), “A Guitarra de Portugal”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube;

Niza, José (1999), “Fados de Coimbra I”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube;

Niza, José (1999), “Fados de Coimbra II”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube;

Fonseca Silva, O. (2000), “Carlos Paredes, A Guitarra de um Povo”, Col. “Biografias MC”, Porto, MC-Mundo da Canção;

http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2005/09/capa-do-cd-artur-paredes-da-etiqueta.html;

Lopes, Rui (2009) “Artur Paredes: A Afirmação da Guitarra de Coimbra na Primeira Década de Oiro do Fado / Canção de Coimbra”.

 

 

 

 

 

Artur Paredes, s/d.

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