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Maria do Carmo

(N. 11 janeiro, 1894 - M. janeiro, 1894)

Maria do Carmo nasceu em Moura, no Alentejo, no dia 11 de Janeiro de 1894, e era filha de Francisco Páscoa e de Madalena Fontes.

Aos três anos muda-se para Lisboa, na zona da Estrela, onde viria a conhecer Teófilo Braga. Aos 7 anos surpreende todos quando, a caminho de um passeio a Algés, interpreta esta pequena quadra:

“Adeus, António, adeus,
Que eu cá fico dando ais!
Paga a “honra”que me deves
Que eu mereço muito mais…”

Começou a frequentar os retiros de fado quando tinha 11 anos, e respondia com agrado às solicitações para cantar.

Mas tarde foi admitida na casa Ramiro Leão como aprendiza de camiseira. Passados alguns anos instalou um atelier na sua própria casa.

Nunca abandonando a sua profissão, Maria do Carmo não deixou de cantar o fado e foi possível encontrá-la na Feira da Luz, nos retiros e restaurantes “Águia Roxa”, “Ferro de Engomar”, “Caliça”, “Pedralvas”, “Nova Sintra”, “Magrinho”, “Manuel dos Passarinhos”, “Bacalhau”, “Perna de Pau”, “Quebra-Bilhas”, “Tia Helena”, “Montanha”, “Charquinho”, “José dos Pacatos”.

Em 1921/22 embarcou para o Brasil, disposta a montar um atelier de costura mas face a algumas dificuldades estabelece-se com um pequeno hotel que denominou «Pensão Familiar» local onde também servia cozinha tradicional portuguesa.

Dois anos e meio depois, Maria do Carmo regressa a Lisboa onde organiza de novo o seu atelier, onde trabalha. Paralelamente, continua a cantar em festas de beneficência, casas de ilustres aristocratas e praças de touros.

Maria do Carmo profissionaliza-se em 1926, ano em que volta ao Brasil, contratada para cantar o fado no Cinema Central do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois regressa a Portugal.

Em 1928 tornou-se sócia do retiro “Ferro de Engomar” e percorrendo todo o país, com grande sucesso. Nesse ano divorcia-se de Martinho D´Assunção.

Grava discos pela etiqueta Columbia e colaborou, juntamente com Maria Alice, Ercília Costa, Maria Albertina, Alberto Costa, entre outros, na opereta «História do Fado» (1931) e «Mouraria», representadas no Teatro Maria Vitória e no Coliseu dos Recreios, respectivamente.

Fez parte da Embaixada do Fado – dirigida por Alberto Reis, que se deslocou ao Brasil, incluindo no elenco os seguintes nomes: Maria do Carmo Torres, Branca Saldanha, Filipe Pinto, Joaquim Pimentel, Armandinho (guitarra) e Santos Moreira (viola). (cf. Guitarra de Portugal de 21 de Agosto de 1934).

De volta a Portugal, Maria do Carmo continuou a ser muito solicitada para se apresentar em inúmeras festas de caridade, em casinos e na rádio e casa de Fado.

Foi uma das artistas que colaborou gentilmente no Grande Concurso de Fados 1957, organizado pelo jornal “A Voz de Portugal” (cf. A Voz Portugal 31 Agosto de1957).

Em 1963 escreve na primeira pessoa as suas memórias, “Maria do Carmo, Memórias de uma Fadista”.

Maria do Carmo faleceu em 1964.

 

Fonte:

“Guitarra de Portugal”, 30 de Julho de 1934;

“Guitarra de Portugal” de 21 de Agosto de 1934;

“A Voz de Portugal” de 31 Agosto de1957;

“Azes do Fado”, dedicado a Maria do Carmo, 01 de Fevereiro de 1936;

Machado, A.Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves