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Mafalda Arnauth

(N. 4 outubro, 1974)

“Nasceu em Lisboa a 4 de Outubro de 1974. A sua paixão pela música fez-se sentir desde pequena, sem nunca ter, apesar disso, aspirado a ser artista. Não obstante, o mundo do espectáculo acaba por conquistá-la ainda na faculdade, no 5º ano de Veterinária. Por um mero acaso, Mafalda Arnauth descobre-se subitamente transportada para o mundo dos palcos, dos ensaios e das casas de fado, onde se deixa crescer artisticamente com as palmas, a apreciação do público e a auto descoberta através do canto.

Com a frescura característica de uma voz jovem, até então completamente alheia ao mundo do fado, cativou primeiro pela espontaneidade e pelas memórias despertas com as suas reinterpretações de sucessos antigos.

Depois, fez crescer a chama até desabrochar em pleno fogo, emprestando ao fado a sua própria natureza, personalidade e composições originais, revelando-se de uma forma mais caracterizada e verdadeira.

A voz única de Mafalda Arnauth – e a sua forma também única de estar no fado - não poderia, por isso, deixar de cativar e seduzir, desde cedo, o universo discográfico. A oportunidade para o primeiro álbum surge com a editora EMI, casa da esmagadora maioria dos nomes mais fortes do género. “Mafalda Arnauth”, o disco de estreia, em 1999, surge já recheado de composições suas, graças ao estímulo do produtor, João Gil.

O trabalho transforma-se num sucesso de vendas e crítica quase instantâneo e granjeia a Mafalda, aos 24 anos, o Prémio Revelação do Semanário "Blitz". No ano seguinte, é nomeada na categoria de melhor intérprete para os “ Globos de Ouro” da SIC – e a popularidade cresce tanto quanto a responsabilidade.

Apesar da sua enorme importância, o disco de estreia surge na carreira de Mafalda Arnauth como o corolário das dezenas de concertos até então realizados um pouco por todo o mundo. Não obstante, acaba por ser o impulso que faltava para que seu espectáculo ganhasse, definitivamente, contornos próprios.

Mafalda revela-se agora, como nunca, um “animal de palco”, procurando alargar ainda mais o seu repertório e poder, dessa forma, representar ainda melhor as tradições do seu Pais e da sua cultura, revistas com as suas próprias palavras e composições.

É também nesta fase da sua carreira que a timidez começa a dar lugar a uma faceta de entrega total. Mafalda Arnauth mostra querer e saber comunicar, multiplicando-se em acções mediáticas, palestras e... claro, concertos!

Um ano após o sucesso do seu álbum de estreia, regressando a Portugal depois de uma longa tournée pelos palcos do país e do estrangeiro, estreia-se finalmente em Lisboa, terra do fado. Estamos em Setembro de 2000 e a lotação da difícil sala do grande auditório do Centro Cultural de Belém está completamente esgotada. Totalmente rendido, o público brinda Mafalda Arnauth com o aplauso incontido do prazer e “obriga-a” a realizar - se dúvidas houvesse – que tudo o que vier a seguir terá de ser mais e melhor. É assim a exigência, é assim a vontade, é assim a esperança.

Diz a voz popular que “ o poeta não dorme e o criador também não”; e é bem verdade! Em Março de 2001, Mafalda Arnauth volta a dar cartas e edita o seu segundo trabalho discográfico, “Esta Voz Que Me Atravessa”. Editado simultaneamente em Portugal e na Holanda pela EMI, o disco conta com a produção de Amélia Muge e José Martins, que dirigem Ricardo Rocha na guitarra portuguesa, José Elmiro Nunes na viola e Paulo Paz no contrabaixo.

“Esta Voz Que Me Atravessa” é um seguimento feliz, inspirado na poesia de Hélia Correia e na musicalidade genial de Fausto Bordalo Dias – e traduz um profundo crescimento artístico da cantora. Pouco tempo depois, Mafalda torna-se, aliás, na primeira artista portuguesa a ser representada internacionalmente pela Virgin Records. Em Outubro de 2001, realiza o segundo concerto em Lisboa. Um ano depois do Centro Cultural de Belém, a artista fez sua a imponente sala da Culturgest, esgotada com semanas de antecedência. Novamente, este concerto marca o início de uma tournée por várias capitais da Europa.

É uma artista ainda mais rica e madura, aquela que regressa a Portugal, desta feita ao coração do Norte, na Cidade Invicta. Dá corpo ao tema “Fado, a Nova Geração”, no Festival “Um Porto de Fado”, uma iniciativa acolhida pelo Mosteiro de São Bento da Vitória. Passando largamente as expectativas mais optimistas, Mafalda Arnauth conquista também o Porto, de uma forma quase misteriosa, como o fado é, na realidade.

O ano de 2002 é vivido intensamente, com uma série de concertos quase “sem tréguas”, fruto natural da projecção crescente da cantora e da receptividade por parte do público ao género do fado. Um pouco por toda a parte, multiplicam-se os colóquios, as conferências, o surgimento de novos valores… e é por esta altura que um novo álbum de Mafalda Arnauth toma forma.

Assumindo a produção do seu terceiro disco, “Encantamento”, a artista abandona quase por completo a fatalidade, a desgraça e a sombra normalmente associadas ao fado. A tristeza serve-lhe de alimento para a esperança; os sofrimentos, de inspiração; as dificuldades, de força e alento.

2003 será, por isso mesmo, um inesquecível ano de graça. Mafalda Arnauth abraça a satisfação de quem alcançou uma paz de espírito, só possível quando se consegue o que se procura.

Em palco, com a força de uma maturidade feita de experiência, notam-se também mudanças. Mafalda Arnauth exterioriza as suas emoções de uma forma cada vez mais visível, desinibida e consciente.

Evolui na coragem, na garra, no amor à arte e na consciência da obrigação maior de um artista: ser absolutamente generoso com o seu público. O seu reportório torna-se ainda mais variado, com a composição a surgir, sempre, a um ritmo suficiente para acompanhar a necessidade de renovação perante o público.

Desde o lançamento do CD “Encantamento”, Mafalda não parou de dar cartas, realizando cerca de 60 concertos em Portugal e, lá fora, em Itália (Roma, Stresa, Spilimbergo), Holanda (Amesterdão), Bélgica, França (Paris, Lyon), Grécia, Macau, Suécia, Turquia, Londres e Espanha.

Destes, a actuação que mais a marcou foi a do Concertgebow, em Amsterdão, na Holanda, pela importância e dimensão do concerto e pelo facto de se tratar de uma das salas mais prestigiadas da Europa. Foi ali que viveu um dos momentos mais emotivos e intensos da sua vida, graças à reacção entusiasta dos 2400 espectadores presentes.

Num registo diferente, Mafalda gosta de recordar, com grande carinho, a semana de concertos que fez na Grécia, num Club de Jazz de grande notoriedade no país e que lhe recordou, pelas suas condições particulares, a intimidade e proximidade das nossas casas de fado.

Já a sala mais impressionante de sempre, essa, é sem sobra de dúvida, para Mafalda, o Royal Albert Hall. Com condições sonoras magníficas e uma arquitectura excepcional, proporcionou-lhe também uma actuação memorável...

O ano de 2004 marca o início da viragem na carreira de Mafalda Arnauth. Mais que um acto de desencanto ou desagrado, a sua saída da editora EMI é consequência de um passo, consciente e necessário. Não obstante, o passado partilhado, o presente prolífero e o futuro que se previu, desde cedo, de colaboração e respeito, faz nascer em Junho de 2005 o lançamento de “Talvez se Chame Saudade”, “o melhor de Mafalda Arnauth”.

O lançamento deste best of, no qual Mafalda Arnauth participou activamente, foi uma nova fonte de inspiração para a cantora, através das memórias que lhe despertou. A compilação mostrou-lhe, nomeadamente, o seu crescimento como artista, acabando por servir quase como um mapa que espelha cada passo que deu para evoluir; a partilha humana com todas as pessoas que consigo construíram cada tema e cada sensação; a sua luta para ultrapassar inseguranças e incertezas; a sua opção clara e irrefutável pela musica, pela sua verdadeira vocação.

“Talvez Se Chame Saudade”, o best of, é também um momento eternamente cristilizado no tempo, em tributo ao Fado que inegavelmente faz parte da cantora, mesmo nos temas em que as fronteiras com a tradição e as experiências não estão bem definidas - pois é desses que nasce a maior reflexão, a maior dificuldade e a sensação de se lidar com algo preciosamente misterioso.

Entretanto, ao longo de 2005, Mafalda Arnauth concluiu ter encontrado os parceiros ideais para exprimir a sua musicalidade, descoberta que a incentivou a continuar a compor e a descobrir novas e constantes formas de se expressar.

Mafalda trabalha, há sensivelmente um ano, com Paulo Parreira na guitarra portuguesa. Na guitarra clássica, desde Novembro que a parceria com Diogo Clemente, um jovem de 19 anos, tem sido extremamente recompensadora, pois traz todo um fogo e frescura novos ao fado do ensemble. Ricardo Cruz, no baixo - o mais recente elemento da equipa de músicos - tem também proporcionado momentos únicos de descoberta. Pontualmente, destaca-se ainda o trabalho com Luís Pontes, também na guitarra clássica. Nas palavras de Mafalda Arnauth, a experiência tem sido magnifica, revelando uma extrema sintonia entre ambos e uma sensibilidade musical muito próxima.

O percurso e a diversidade de Mafalda Arnauth enquanto artista, compositora, autora, empresária, criativa e comunicadora podem ser encontrados, fora do mundo dos discos, também na internet. O site oficial encontra-se em www.mafaldarnauth.com.

Mafalda Arnauth evoluiu também nos hábitos, actualmente bem mais saudáveis. As exigências de uma carreira cada vez mais absorvente, com uma média mensal de 15 concertos, “obrigaram-na” a mudanças na alimentação, no descanso, no exercício físico, no reforço da formação musical e canto e - muito especialmente – na evolução emocional que deve também, a seu ver, ser estimulada e cuidada.

É esta Mafalda Arnauth que vem a lançar, em 31 de Outubro de 2005, o seu novo álbum de originais: “Diário”. Um disco que abrange todas as inspirações da sua vida, composto pelas influências dos relacionamentos (de amizade, amorosos, felizes, tristes, separações, desilusões); o encontro com pessoas que de alguma forma a marcaram; as referências artísticas (Amália, Bethânia, Aznavour, Piazzola…); o seu percurso pessoal; as parcerias; e a sua filosofia de vida, atitude e visão, opções, duvidas e inquietações…

“Diário” faz, assim, a síntese entre a vida actual de Mafalda Arnauth e todas as experiências que a tornaram na pessoa que é hoje. É criativamente dual e certamente único, pela diversidade de temas que o compõem. Com uma vertente muito tradicional; mas também um conteúdo bastante actual, aposta em desmistificar a ideia do fado negro, pesado.

É essa a sua “audácia” - dizer, de viva voz: “já lá vai o fado escuro; já lá vai o medo em muro”.

Lisboa, Novembro de 2005”

Outra discografia: "Flor de Fado" (2008); "Rua da Saudade" (2009) - Este projecto, composto por Mafalda Arnauth, Viviane, Susana Félix e Luana Cozeti, presta homenagem a Ary dos Santos; "Fadas" (2010).

 

Fonte:

http://www.mafaldarnauth.com/

Mafalda Arnauth, s/d.

Mafalda Arnauth Foto de Inês Gonçalves, Disco "Esta Voz Que Me Atravessa", EMI, 2001

Mafalda Arnauth Foto de Inês Gonçalves, Disco "Esta Voz Que Me Atravessa", EMI, 2001

Mafalda Arnauth, s/d.

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