Conheça melhor:

José Luís Gordo

(N. 13 abril, 1947)

José Luís Gordo nasce no Alentejo em Vila de Frades, Vidigueira, no dia 13 de Abril de 1947, embora conste no registo como nascido a 26 de Julho.

Ao completar 13 anos vem para Lisboa como empregado da então famosa Casa Quintão, que comercializava os tapetes de Arraiolos, mas hoje já desaparecida.

À noite, José Luís Gordo dedica-se ao estudo, frequentando o curso Comercial na Escola Veiga Beirão. Entretanto, vai ouvindo cantar o Fado, cujos primeiros contactos ocorrem na “Viela” na Rua das Taipas.

Começou por escrever "aquela poesia que os putos escrevem" mas, a partir dos 17 / 18 anos, encara a escrita de uma forma mais definitiva.

O primeiro poema que escreve para Fado tem o título "Há Tanta Amargura, Tanta" e destinava-se a Beatriz Ferreira. Acabou por ser cantado por uma outra fadista, Maria da Fé, então a cantar na “Taverna do Embuçado” e que viria a tornar-se sua esposa.

Durante muitos anos assina como Luís Alcaria. E explica porquê:

"Naquela altura eu fazia Teatro e Cinema e, convenhamos, não era propriamente o melhor dos nomes para um artista ... Como lá para os meus lados há uma Serra chamada de Alcaria, achei que fazia sentido ser conhecido por Luís Alcaria."

Mais tarde, e "porque ninguém deve ter vergonha do seu nome" assumiu-se finalmente como Refachinho Gordo, como bom Alentejano que se preza ser...

Profundo admirador de José Carlos Ary dos Santos, assume que o mesmo teve uma decisiva influência na sua escrita. Vasco de Lima Couto é outro poeta especial, bem como Natália Correia. José Luís Gordo considera como grandes poetas do Fado, Gabriel de Oliveira, João Linhares Barbosa, Carlos Conde, Joaquim Frederico de Brito, o "Britinho" também conhecido como "Poeta Chauffeur". Todos eles na senda do grande Linhares Barbosa.

Com cerca de 300 poemas escritos, na sua maioria cantados e gravados em disco, é Maria da Fé que arrecada o grosso de originais, seguindo-se António Melo Corrêa (já falecido) e Ada de Castro. No entanto, muitos outros cantam obras suas, como sejam: Maria Armando, Fernando Maurício, Carlos Zel, Camané, Filipe Duarte, Carlos Macedo, Maria da Nazaré, Argentina Santos, Lina Maria Alves, Maria Jô-jô, Celeste Rodrigues, José Manuel Osório, Marina Mota, Nuno de Aguiar, Vasco Rafael (já falecido), Lenita Gentil, Alexandra, Jorge Fernando, Machado Soares, Paulo Saraiva, Maria Dilar, Manuel Azevedo Coutinho, Odete Santos, Tina Santos, João Chora, Cristina Branco, Mariza, Ana Moura, etc.

Em 1975 José Luís Gordo abre o restaurante típico “Senhor Vinho”, na Rua das Trinas. Em 1981, "porque o espaço começava a ficar muito pequeno", muda-se para a Rua do Meio à Lapa, igualmente no velho Bairro da Madragoa, constituindo hoje o “Senhor Vinho”, uma das melhores Casas de Fado de Lisboa. O gosto pelos ambientes fadistas já o havia levado em 1980 a comprar o velho “Solar da Hermínia”, que pertenceu à grande Hermínia Silva e na década de 90 chega a tornar-se sócio do Restaurante Típico “O Faia”, mas desiste passados tempos.

Da sua vasta produção poética destaca-se "Até Que a Voz Me Doa", um verdadeiro fenómeno de popularidade, na voz de Maria da Fé. Para o poeta, Maria da Fé é a sua musa inspiradora, “penso muito nela quando escrevo”. José Luís Gordo é casado com Maria da Fé, e tem duas filhas.

Em Maio de 1999 foi homenageado pela Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa que assim prestava culto aos "Poetas do Fado" ainda no activo.

Em 2004 publicou "Recados ao Fado", uma antologia que reúne parte da sua poesia, com poemas gravados e outros inéditos.

Num reconhecimento pelo seu percurso, José Luís Gordo é, em 2005, homenageado pelo concelho da Vidigueira, e recebe a Placa de Honra do município. Nesse ano é também agraciado com o Prémio Amália Rodrigues para Melhor Poeta de Fado.

Em 2008, vence o concurso da Grande Marcha de Lisboa com o tema “Lisboa de Camões, Vieira e Pessoa” (música de Arménio de Melo).

 

Fonte:

Catálogo da “I Grande Gala dos Prémios Amália Rodrigues”, Teatro Municipal de S. Luís, 18 de Outubro de 2005.

 

 

  • Até Que a Voz Me Doa Maria da Fé (José Luís Gordo / Fontes Rocha)