O Fado e o Teatro

30 junho, 2013 a 31 dezembro, 2013

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É no Teatro e com o Teatro que o Fado se constitui como um domínio musical de grande destaque na memória cultural portuguesa. Saído do ambiente restrito dos prostíbulos e das tabernas ou dos salões da aristocracia e da alta burguesia mais boémia, a sua “integração” no teatro, na segunda metade do século XIX, traz-lhe a consagração popular, institucionalizando-o do ponto de vista artístico e transformando-o, em definitivo, na canção da cidade de Lisboa. 

Mas é a personagem mítica da Severa que, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, se transforma numa figura transversal a todas as artes, como a pintura, o cinema, a fotografia, a música, a dança e, sobretudo, o teatro, convertendo-se na personificação do próprio fado. 

A primeira vez que o fado surge nos palcos dos nossos teatros foi em 1869, no Teatro da Trindade, com a comédia “Ditoso Fado”, sendo também a primeira vez que um comediante, no caso o actor Taborda, cantava, em cena, algumas quadras em jeito de fado, acompanhado ao vivo por uma guitarra.

Dava-se então início a uma nova forma de intervenção artística que se iria tornar numa forte tradição no teatro musicado português, que perdurará praticamente até aos dias de hoje: os actores de opereta e, sobretudo, os de revista cantarem fado, quando em cena. Muitos destes actores e actrizes, que se transfiguravam, apenas momentaneamente, em fadistas improváveis, foram os primeiros intérpretes de grandes sucessos, que ainda hoje fazem parte do nosso imaginário musical colectivo e que, para além de necessariamente integrarem qualquer antologia ou História do Fado, continuam a ser cantados e gravados, com versões mais ou menos próximas do original, por fadistas contemporâneos. E é também no teatro de revista que esta metamorfose dos actores e actrizes em fadistas, numa primeira fase e, depois, das próprias fadistas (ou cantadeiras) em actrizes, atinge a sua maior dimensão, afirmando-se Amália como exemplo máximo desta realidade. 

É desta longa, rara e muito profícua parceria artística que trata a exposição "O Fado e o Teatro", que nasceu a partir da conjugação do valiosíssimo acervo do Museu Nacional do Teatro e do Museu do Fado, pensada, produzida e enquadrada no âmbito da declaração do Fado como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Apresentando-a em simultâneo nos dois museus, esta exposição pretende evocar uma parte da vastíssima História desta profunda ligação entre o Fado e o Teatro, através dos mais diversos suportes, materiais e documentos, como trajos de cena, figurinos, maquetas e caricaturas originais, fotografias, publicações, manuscritos, material audiovisual e objectos pessoais, que representam o património comum e a herança destas duas artes, efémeras e imateriais na sua natureza, mas vivas e cada vez mais presentes no quotidiano e na memória de todos nós.

Co-produção Museu do Fado e Museu Nacional do Teatro

 

 

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado

Foto: José Frade | Museu do Fado