De(bater) o Fado

Conversa sobre as DANÇAS DO FADO

Com Ana Gonçalves, Cláudia Petrina, Djuzé Neves, Helder Moutinho, Jonas & Lander, José Machado Pais, Paulo Raposo e Rui Vieira Nery

 

Várias fontes documentais oitocentistas referem uma forma de expressão musical e coreográfica designada por Fado, popular entre as comunidades afro-brasileiras, que terá atraído a curiosidade não só da própria sociedade colonial luso-brasileira, mas também de alguns viajantes estrangeiros. Em traços largos, esta dança do Fado era então descrita como sendo lasciva, indecente, imoral, envolvendo pares ou rodas de corpos que se aproximam e afastam, em sequências de braços semierguidos, pernas ligeiramente fletidas, meneios de quadris e vigorosos toques nas coxas. O acompanhamento musical seria feito por um instrumento de corda e o movimento ritmado por palmas, estalidos de dedos e execução de sapateado. 

Depois de décadas de (quase) invisibilidade da componente coreográfica do Fado, nos últimos anos temos assistido à revivescência da dança em distintas criações artísticas. Num lugar carregado de simbolismo - o Largo da Severa, na Mouraria - reúnem-se especialistas académicos e alguns dos mais salientes protagonistas da actualidade desta componente dançada. A conversa entre os intervenientes abordará o que os move a perseguir esta peugada, que nexos se podem estabelecer entre a dança contemporânea do Fado e os seus vestígios históricos, como lidaram com lacunas de registos e a interferência de imaginários e efabulações.

Trata-se, afinal, de um encontro sobre a(s) dança(s) do Fado, entre o que porventura terá sido antes e o que necessariamente poderá ser agora.


Organização: Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), Maria da Mouraria e Museu do Fado / Egeac

Imagem: Elemento visual da capa da partitura "Se fores meiguinho: fado para piano e canto" - Música de Alberto Pimenta, Verso de Abilio de Campos Monteiro, 1900